quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Os Ensinamentos de Pitágoras

Havia ali um homem batizado de Samian, que havia fugido de Samos porque odiava tiranos
E escolhido, em vez disso, a condição de exilado.
Seu pensamento chegou lá no alto aos grandes deuses do céu, e sua
imaginação apontava para idéias
Que estavam além de sua visão de mortal.
Todas as coisas que ele estudou com mente atenta e a vida trouxe para sua terra natal.
Sentava entre as pessoas, ensinando-lhes o que era importante
E elas ouviam em silêncio, maravilhadas com suas revelações sobre o início do mundo, a causa e a natureza das coisas, o que seria Deus, por qual motivo a neve caía, de onde vem os relâmpagos
qual dos dois, se o vento ou Júpiter produzem os trovões.
A causa dos terremotos; Qual a lei que determina o curso das estrelas, todos os segredos ocultados pelo conhecimento humano imperfeito
Ele foi o primeiro a dizer que a carne dos animais não deveria ser comida.
E embora culto como era, muitas pessoas não acreditavam nele quando ensinava.
Abstenham-se, ò mortais de estragar seus corpos com tal alimento ímpio.
Há trigo para vocês, e verduras saborosas e legumes verdes que ficam tenros e macios depois de cozidos
Há leite e mel silvestre; A Terra é generosa nas suas provisões, e seu alimento muito bondoso, ela oferecepara suas mesas alimentos que não requerem derramamento de sangue ou matança.
A carne é para alimentar apenas os animais, e mesmo assim nem todos os carnívoros, caso dos cavalos, ovelhas, bois e vacas que subsistem do pasto, mas aquelescuja índole é feroz e cruel
Tigres e leões e ursos e lobos, esses deleitam-se em banquetes sangrentos
Oh que coisa perversa é a carne
Ser o túmulo da carne
O anceio de um corpo
Para engordar o corpo de um outro, que uma criatura viva e continue vivendo através da morte de uma criatura viva
Será que em toda riqueza que a Terra, melhor das mães, nos oferece, não há nada que agrade mais do que mastigar e destrocar a carne de animais chacinados?
Os cíclopes não podem fazer pior!
Será preciso destruir outra criatura para saciar os desejos de um intestino glutão?
Houve uma época, Era do ouro como a chamamos;
Rica em frutas e ervas, em que nem um homem havia manchado seus lábios com sangue.
Os pássaros voavam seguros pelo céu, e nos campos os coelhos vagavam sem medo, e nenhum peixinhohavia sido enganchado em anzóis pela sua própria credulidade
Todas as coisas eram livres da traicão, do medo e da esperteza
E tudo era pacífico
Mas algum inovador, um nada, fosse quem fosse
Decidiu invejoso, que aquilo que os leões comiam era melhor
E entupiu de carne sua barriga como uma fornalhaE pavimentou o caminho para o crime
Pode ser ai que o ferro foi aquecido e depois tingido com o sangue da matança.
De animais ferozes, o que poderia ser lembrado
Apenas como um gesto de autodefesa, matar animais selvagens parece atéadequado, mas eles nunca deveriam ser comidos.
Um crime leva ao outro;
Primeiro os suinos eram abatidos porque comiam as sementese estragavam os brotos das plantas cultivadas
Então os bodes foram punidos em altares vingativos por teremmordiscado as uvas das parreiras
Ambos mereciam esse destino, mas as pobres ovelhas, o que elas fizeram, nascidas para estarem a servico do homem, fornecer leite tão doce para beber e nos cobrir com sua lã macia.
Animais que nos dão tao mais em vida do que poderiam faze-lo na morte?
E o que fizeram os bois e as vacas?
Serem incapazes de fraudar, trapacear, enganar, simples e dóceis, nascidos para uma vida de trabalho
O que eles fizeram?
Ninguém a nao ser um ingrato, nao merecedor da dádiva dos grãos,poderia tirar deles o pesodo cabresto e, com um machado golpear seu pescoço, matar o companheiroque o ajudou a rasgar o solo e plantar a colheita.
É ruim demais fazer essas coisas.
Fazemos dos deuses nossos parceiros nessas abominações, dizendo queeles amam o sangue dos bois, lá no ceu, e lá ele fica, a vítima no altar sem um vício,perfeito (e sua beleza comprava sua propria sina)
Enfeitado com guirlandas para o sacrífício, os chifres com ponteiras douradas, e ouve a entonação dos sacerdotes
Sem saber o que ele está dizendo, olha para os ramos da cevada preso entre seus chifres, a mesma cevada que ele ajudou a cultivar, e então é atingido.
E com seu sangue mancha a faca cujo brilho pode ser visto refletido na água.
Então arrancam suas entranhas, examinam-nas, procuram por algum sinal de vontade dos céus em busca de presságios, e então tão grande é o apetite do homem por comida proibida, então ò raça humana, vocês se alimentam, festejando, em cima desse assassinato.
Não façam isso - Eu lhes peço, lembrem-se, quando comem a carne do gado sacrificado, estão comendo seus companheiros de trabalho.
Agora como Deus me inspirou, eu sigo por onde ele vai, para Delfi,
para o próprio céu
Levando sua revelacão dos mistérios,
grandes temas nunca antes explorados.(...)

Ovidio/ Metamorfoses
Os Ensinamentos de Pitágoras

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